Nas últimas duas décadas o Brasil fez uma expansão educacional (principalmente universitária) comparável somente com a promovida com a vinda de Dom João XVI ao Brasil. No entanto, o investimento não trouxe resultado significativos nem na criação de novas tecnologias nem mesmo no desempenho educacional dos estudantes brasileiros em avaliações nacionais e internacionais.
A expansão universitária também não foi acompanhada pelo crescimento do impacto científico. Segundo o Scimago Journal & Country Rank em 2019 o Brasil ocupou a 14ª posição (em 1998 ocupávamos a 19ª) entre os países que mais publicam documentos citáveis. A pequena melhora pode ser compreendida quando percebemos que ocupamos a 13ª posição entre os que mais fazem alto citações (em 1998 ocupávamos a 16ª). E estamos na 24ª posição (em 1998 obtivemos o mesmo resultado) no índice H (número de artigos que tem pelo menos h citações).
Justiça seja feita, o idioma é uma barreia que limita o impacto das publicações realizadas em periódicos nacionais como pode ser verificado com as métricas do google acadêmico, a maioria das revistas de grande impacto são todas de língua inglesa.
De acordo com o Nature Index, o Brasil ocupa a 24ª posição no número de artigos publicados. Houve um aumentou do número de doutores e o número de publicações, porém a relevância da nossa comunidade científica frente a comunidade internacional permanece praticamente inalterada. Nossas publicações estão nas últimas posições em fator de impacto. Quando comparado à pressão por mais publicações, praticamente não há um incentivo significativo para a busca de qualidade.
Proporcionalmente ao PIB, o Brasil investe em educação mais que a média do países membros da OCDE. Embora, o investimento por estudante seja menor. Um reflexo do baixo PIB per capito brasileiro em comparação com os países de primeiro mundo. Além disto, os valores são mal distribuídos, a maior parte vai para o ensino superior em detrimento do ensino básico. Essa pirâmide invertida contribui para o aumento da desigualdade uma vez que beneficia os que já estão em uma posição mais privilegiada.
Na educação básica, os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) mostram que 70% dos jovens brasileiros na faixa dos 15 anos não dominam a matemática básica. Os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2016 revelam que 54,73% dos estudantes acima dos 8 anos permanecem em níveis insuficientes de leitura. Muitos dos jovens sabem ler e escrever, mas na prática são analfabetos funcionais, tendo muita dificuldade em acompanhar livros especializados, manuais, conhecimento técnicos, entre outras coisas indispensáveis para a evolução da ciência e da tecnologia. A má formação de base dos alunos limita a qualidade de graduandos para os programas de pesquisa.
A demanda por números para exibição política, durante o governo Dilma, fomentou a criação de um plano nacional da educação com um conjunto de metas ambiciosas a serem cumpridas dentro de um prazo pré-estabelecido. Algumas das metas foram cumpridas, mas a prosperidade esperada não veio. O Brasil tornou-se um país de doutores desempregados.
Outro problema está na busca exagerada por aprimoramento das notas atribuídas aos cursos de pós-graduação. O que estimula uma organização coletivista dos membros de um mesmo departamento, consequentemente acaba desmotivando o pensamento livre, beneficiando a doutrinação ideológica em uma determinada área científica.
A burocracia e a busca apressada pela publicação de número positivos na educação teve um preço: imprecisão. Para a propaganda política mais vale o quanto é gasto do que o como é gasto. Brasil investe muito porém muito mal. Por fim, recomendo fortemente uma série de excelentes reportagens sobre o tema vinculadas ao jornal gazeta do povo que você pode conferir clicando aqui.
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